"...em verdade, estão se exercitando para morrer todos aqueles que, no bom sentido da palavra, se dedicam à filosofia..." (Fédon, 67e). 
   
O exercício para a morte, aludido por Platão no Fédon ao narrar a morte de Sócrates, é um dos mais célebres na Filosofia Antiga. Ele apresenta o exercício filosófico que se deve realizar para se purificar, concentrando-se e unindo-se à sua alma, para libertá-la das distrações que o corpo lhe impõe. Mais tarde, no período helenístico, quase todas as escolas desenvolviam algum tipo de exercício para a morte.

Vale ressaltar que tal exercício está inserido na concepção de uma filosofia antiga concebida como uma Forma de Vida: mais do que apenas a defesa de teses abstratas sobre assuntos relevantes, a filosofia deveria ser vivida com o fim de transformar o modo de conduta daqueles que filosofam. Desde as obras de Pierre Hadot que influenciaram o trabalho final de Michel Foucault, a filosofia antiga, especialmente a helenística, ficou conhecida como aquela que propunha os mais diferentes exercícios filosóficos com o fim de efetuarem uma transformação de si, fazendo com que a expressão "cuidado de si" ganhasse notoriedade.  Assim, pode-se dizer que desde o Fédon de Platão, inicia-se uma tradição de diferentes exercícios para a morte, um conjunto de práticas que visavam modificar a postura ética que o homem tem em relação ao fato inevitável da morte.

Sob essa perspectiva, o II Seminário de Helenismo promovido pelo grupo Áskesis, se propõe a revisitar tais exercícios: seu desenvolvimento nas diversas escolas filosóficas helenísticas, a influência recebida da filosofia grega anterior e o modo como foram apropriados pelos filósofos medievais, modernos e contemporâneos.  
  

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